Brasileiros vão estudar origem dos elementos fundamentais para vida
Marcelo Pellegrini - Agência USP - 07/11/2011
Núcleos exóticos
Estudos que vêm sendo realizados no Instituto de Física da USP permitirão aos cientistas compreender como se formam no universo elementos fundamentais para a vida, como o carbono e o oxigênio, entre outros.
Para tanto, os pesquisadores utilizam dois equipamentos: o Radioactive Ion Beams in Brazil (RIBRAS), único no hemisfério sul, e o acelerador de partículas Pelletron-tandem, na Nigéria.
Com os aparelhos, os pesquisadores estudarão a formação dos elementos por meio da análise de núcleos exóticos.
A equipe é liderada pelos professores Rubens Lichtenthäler Filho, Valdir Guimarães e Alinka Lépine.
"Núcleos exóticos são aqueles que não são encontrados na Terra, apenas em estrelas de massa muito maior do que a do Sol, e que podem ser produzidos em laboratório, com aceleradores nucleares como o nosso", descreve Lichtenthäler.
Meias-vidas e a vida
Segundo o pesquisador, estes núcleos possuem excesso ou falta de nêutrons em relação aos elementos estáveis, como por exemplo o Helio-6 que possui 2 nêutrons a mais do que o estável Helio-4, ou o Lítio-8 que tem um nêutron a mais do que o estável Lítio-7.
"Por isso, esses elementos são instáveis e apresentam propriedades diferentes dos elementos encontrados na Terra. Devido à sua instabilidade eles possuem meias-vidas (tempo de vida) curtas, da ordem de frações de segundos ou menores ainda", explica o professor.
Os experimentos do laboratório trabalham com núcleos exóticos com meia-vida de aproximadamente 0,8 segundo, tempo suficiente para se realizar uma segunda reação e estudar as propriedades destes elementos.
"A formação dos elementos físicos ocorre nas estrelas. A partir de reações de fusão nuclear de elementos leves, como por exemplo, quando 4 átomos de hidrogênio se fundem para formar o Helio-4 e assim, sucessivamente, até elementos mais pesados como o Carbono-12 e Oxigênio-16, entre outros. Acontece que não existem na natureza elementos estáveis com massas 5 e 8, o que representa uma barreira para a formação destes elementos mais pesados. É como se faltassem dois degraus de uma escada", exemplifique Lichtenthäler.
Segundo ele, a existência de núcleos exóticos como o Lítio-8 e o Helio-6, mesmo que com meia-vida curta, pode alterar esse cenário, pois sua presença na estrela pode influir na formação dos outros elementos, como os que constituem a vida.
Além disso, alguns núcleos exóticos como o Berílio-7 também servem como ferramentas para que a equipe entenda processos de produção de energia no Sol.
Acelerador de Partículas e RIBRAS
Adquirido em 2001, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o RIBRAS é essencial para a produção e seleção artificial dos feixes de elementos exóticos necessários para o estudo.
O sistema foi montado e começou a operar em 2004, quando foram realizados os primeiros experimentos.
Devido às características do acelerador de partículas Pelletron, este é, no momento, um dos poucos laboratórios do mundo que produzem feixes de núcleos exóticos em baixas energias.
"As energias nas estrelas são baixas, por esta razão, os estudos em astrofísica utilizam baixas energias", conclui o pesquisador.
Informática
Helicóptero virtual é pilotado apenas com o pensamento
Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/10/2011
Os sinais do eletroencefalograma são filtrados temporal e espacialmente para produzir os componentes individuais do movimento 3D. [Imagem: Doud et al./PLoS]
Piloto mental
Cientistas criaram uma interface neural não-invasiva que permite que os usuários controlem um helicóptero virtual usando apenas suas mentes.
A interface cérebro-computador é um aprimoramento de um exame de eletroencefalografia que usa eletrodos fixados em uma touca flexível.
O grande avanço em relação aos experimentos anteriores do mesmo tipo é que os usuários pilotam seu helicóptero em um espaço tridimensional livre.
Esta é uma tarefa bem mais complexa do que pegar um objeto usando um braço robótico, por exemplo, porque toda a cena, que é acompanhada pelo usuário na tela de um computador, está em contínuo movimento.
Interface neural não-invasiva
Vários trabalhos anteriores nesta área exigiam tratamentos invasivos para medir a atividade intracraniana. Mas esta nova abordagem usa apenas uma touca flexível, não exigindo nem mesmo que o usuário raspe os cabelos.
A interface neural monitora ondas específicas do cérebro, conhecidas como ritmo sensório-motor, que por sua vez podem ser caracterizadas e calibradas para controlar os movimentos do helicóptero na tela.
A tarefa exigia que os usuários pilotassem seu helicóptero virtual através de anéis posicionados aleatoriamente no espaço tridimensional. [Imagem: Bin He Lab]
Os sinais do eletroencefalograma são filtrados temporal e espacialmente para produzir os componentes individuais do movimento 3D.
Estes componentes são ponderados e digitalizados de forma a gerar uma saída que controla o helicóptero virtual.
Controle mental do mundo virtual
Simplesmente pensando na direção que deseja seguir, o usuário navega continuamente e com muita precisão - a meta é passar em três círculos que surgem em diferentes posições e diferentes altitudes no ambiente virtual.
A tarefa exigia que os usuários pilotassem seu helicóptero virtual através dos anéis, posicionados aleatoriamente no espaço tridimensional.
A meta foi alcançada com sucesso de 85% das vezes.
"Este trabalho demonstra, pela primeira vez, que se pode realizar um controle tridimensional, contínuo e em tempo real, de um objeto voador em um mundo virtual," disse o Dr. Bin He, da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, coordenador do trabalho.
Embora as aplicações em entretenimento sejam óbvias, o Dr. He está mais interessado em criar uma interface neural que permita que pessoas parcial ou totalmente paralisadas controlem próteses e até robôs assistentes.
Bibliografia:
Continuous Three-Dimensional Control of a Virtual Helicopter Using a Motor Imagery Based Brain-Computer Interface
Alexander J. Doud, John P. Lucas, Marc T. Pisansky, Bin He
PLoS ONE
27 October, 2011
Vol.: 6(10): e26322
DOI: 10.1371/journal.pone.0026322
Continuous Three-Dimensional Control of a Virtual Helicopter Using a Motor Imagery Based Brain-Computer Interface
Alexander J. Doud, John P. Lucas, Marc T. Pisansky, Bin He
PLoS ONE
27 October, 2011
Vol.: 6(10): e26322
DOI: 10.1371/journal.pone.0026322