Mecânica
Conheça as novas tecnologias para evitar acidentes de carro
BBC - 10/02/2011
Cientistas buscam tecnologias que evitem acidentes de carro ou minimizem os danos aos passageiros quando a colisão for inevitável. [Imagem: BBC]
Tecnologia contra acidentes
Pesquisadores da indústria automobilística e médicos trabalham em vários projetos que buscam novas tecnologias para reduzir acidentes de carros e torná-los menos fatais.
Mais de 1 milhão de pessoas morrem em acidentes de carro a cada ano no mundo. Na maior parte das vezes, segundo pesquisadores, erros de julgamento do motorista são as principais causas de acidentes.
Para tentar evitá-los, cientistas e engenheiros ligados a grandes montadoras estão desenvolvendo tecnologias que ajudem a reduzir o número de colisões.
Novos protótipos trazem sistemas que preveem e corrigem problemas causados por más condições de tempo e por erros do motorista.
Outros programas e dispositivos permitem minimizar danos provocados aos passageiros e ajudam a tornar o atendimento médico mais ágil e eficiente. Conheça alguns dos projetos em desenvolvimento.
Frenagem inteligente: sistema de sensores permite que o carro consiga frear automaticamente. [Imagem: BBC]
Frenagem inteligente
Na pista de testes da empresa Volvo, na Suécia, o cientista Erik Coelingh testa uma tecnologia de frenagem automática para garantir que os carros parem quando detectam a aproximação de outro veículo pela frente ou pelos lados.
"O carro tem um sistema de sensores que tenta detectar onde estão os objetos ao redor dele. Há um GPS e um sensor no teto que permite medir a localização de outros veículos", explica.
Ele diz que os testes preliminares obtiveram bons resultados. Dentro do carro com a tecnologia de frenagem automática, Coelingh pisou no acelerador, mas parou na pista antes de atingir o veículo inflável usado para a experiência.
O pesquisador diz ter objetivos ambiciosos para a pesquisa que está conduzindo. "Acreditamos que acidentes não são inevitáveis."
"Temos uma visão de que no futuro não haverá mais colisões, nem mais acidentes fatais com veículos", conta.
Câmeras infravermelhas filmam o motorista para monitorar a posição de sua cabeça e a direção de seu olhar na estrada. Em situações de pouca visibilidade o sistema realça pontos da estrada. [Imagem: BBC]
Pára-brisa que 'amplia' visão
Cientistas do laboratório de pesquisa da General Motors em Detroit, nos Estados Unidos investigam maneiras de fazer com que o carro compense falhas na visão do motorista.
Eles estão desenvolvendo um protótipo de pára-brisa que pode dar aos condutores dos carros uma espécie de visão aumentada de determinados pontos da estrada. A tecnologia se chama Sistema de Visão Avançada (Advanced Vision System no original em inglês).
"Nosso objetivo não é mudar a percepção que a pessoa tem do mundo, mas ressaltar pontos importantes", diz o coordenador do projeto, Thomas Seder.
Em momentos de dificuldade, o carro pode realçar determinadas partes do trajeto ou pontos de referência para ajudar o condutor.
"Uma das situações mais comuns em que podemos ajudar é quando a pessoa está dirigindo em uma estrada com neblina", diz Seder.
"Podemos enfatizar as margens da estrada, aumentando a realidade e tornando-as mais aparentes para que a pessoa possa liberar sua atenção para outras coisas importantes."
Bonecos de teste de colisão podem ganhar bases de dados virtuais. [Imagem: BBC]
Boneco de testes virtual
Bonecos de testes, que sempre estiveram no centro das pesquisas sobre segurança de automóveis, parecem estar com seus dias contados.
No que esta sendo visto como o maior esforço coordenado de pesquisa na história da segurança automobilística, cientistas estão desenvolvendo bonecos virtuais para testes de colisão.
Os bonecos meramente físicos atuais simulam as dimensões, as proporções de peso e articulações do corpo, mas os pesquisadores consideram que eles não são suficientemente representativos dos humanos.
Para calcular melhor as variáveis físicas envolvidas em um acidente, cientistas ao redor do mundo tentam descobrir qual é a força máxima de impacto que cada parte do corpo consegue suportar antes que ocorram danos irreparáveis.
A informação armazenada conseguirá atualizar os bonecos com uma espécie de modelo virtual, que poderá prever o exato momento em que as forças da colisão se tornam fortes demais para as pessoas.
Warren Hardy, um dos cientistas que trabalha no projeto, acredita que bonecos virtuais irão revolucionar a segurança nos carros.
"Há uma série de razões para seguir em frente com esse tipo de modelo, em oposição ao modelo físico. No mundo virtual podemos fazer muito mais por muito menos", diz.
Carro que prevê ferimentos
O programa "Algoritmo de Urgência" (Urgency Algorithm, no original em inglês) ajuda o carro a alertar os centros de emergência de incidentes que coloquem os passageiros de qualquer veículo em perigo.
O projeto aproveita uma tecnologia de localização já disponível em milhares de veículos na América do Norte, que permite que o carro envie uma mensagem com sua localização a um destinatário escolhido.
O cirurgião de trauma do Jackson Memorial Hospital Jeff Augenstein, que coordena os testes do programa, explica que, instalado no computador do carro, ele também transmite informações detalhadas sobre as forças de colisão a que os passageiros foram expostos durante um acidente.
"O programa reúne todos os dados que o carro fornece, como mudanças de velocidade, a velocidade com que o carro freou e qual foi o ângulo do primeiro impacto, e determina se a batida pode causar ferimentos mais sérios ", explica.
O robô permite que o médico visualize a vítima e se comunique diretamente com a equipe que trabalha na unidade de acidentes e emergência. [Imagem: BBC]
Médico robô
Médicos no Jackson Memorial Hospital em Miami, na Flórida, estão desenvolvendo um robô que pode ser controlado remotamente por um cirurgião. A tecnologia é conhecida como "telemedicina" avançada.
O cirurgião Antonio Marttos, que participa dos testes com a máquina, conta que o robô permite que ele possa visualizar a vítima e se comunicar diretamente com a equipe que trabalha na unidade de acidentes e emergência.
Controlando as câmeras no robô, Marttos consegue fazer um diagnóstico rápido dos pacientes que são trazidos à unidade e dizer à equipe quais são os procedimentos médicos de que o paciente pode precisar imediatamente.
Os pesquisadores explicam que a tecnologia é importante para garantir que as vítimas de acidentes sejam tratadas ainda na primeira hora após o impacto, considerada como a mais crítica.
Marttos acredita que oferecer tratamento rápido e especializado para vítimas de acidentes pode poupar tempo e vidas.
"Eu posso ajudar a enfermeira ou o médico de plantão à distância, e posso fazer com que eles tenham a melhor opinião técnica sempre", diz.
Ele também participa do desenvolvendo um pequeno dispositivo que pode ser levado aos locais em que os acidentes aconteceram, para monitorar as vítimas antes mesmo do transporte até o hospital.
"Posso ajudar as pessoas a lidar com o paciente e, quando ele chegar aqui, eu saberei o que estou recebendo."
Mecânica
Tecnologia pode criar carro à prova de acidentes até 2020
Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/12/2011
Pesquisas apontam que sistemas de segurança podem reduzir acidentes significativamente. [Imagem: Cortesia Volvo]
Carros à prova de acidentes
Todos os anos, 1,3 milhão de pessoas são mortas e 50 milhões ficam feridas em rodovias de todo o mundo. Diante desse cenário, montadoras estão investindo na criação de um carro que nunca se envolva em acidentes.
Mas isso realmente pode ser concretizado? E será que os motoristas vão aceitar um computador que controle sua maneira de dirigir?
Há menos de 30 anos, colocar o cinto de segurança era o máximo da tecnologia de ponta no que dizia respeito à segurança em estradas. Desde então, foram criados dispositivos como air-bags e sistemas de freio ABS.
Agora, entre as novidades estão sistemas que podem alertar o motorista sobre perigos e até mesmo tomar providências para se evitar acidentes. Sem mortos e feridos
Proteção inteligente
Confiante no poder dessa tecnologia, a Volvo vem dizendo que após 2020 ninguém mais vai morrer ou se ferir gravemente em estradas se estiver a bordo de um de seus novos carros.
"A principal causa das batidas é o motorista não prestar atenção ou os motoristas serem distraídos por algo. Esta tecnologia dá olhos aos carros e sabe quando o motorista falha", explica Thomas Broberg, assessor técnico da Volvo no centro de pesquisas da companhia em Gotemburgo, na Suécia.
Na verdade, o que a empresa sueca está planejando é desenvolver um veículo que vai proteger totalmente seus ocupantes e vai se envolver menos em colisões.
Outras fabricantes de carros também estão fazendo promessas parecidas. A Toyota diz que tem como objetivo zero mortos e feridos, mas não disse ainda qual o prazo em que isso pode ser alcançado.
A Ford já está vendendo seu novo Focus - com o auto-proclamado "sistema de proteção inteligente" - como um dos veículos mais seguros do mercado.
Sistemas que monitoram pontos cegos e acompanham o nível de alerta dos motoristas, e controles eletrônicos de estabilidade - que podem detectar e ajudar a prevenir uma derrapagem - já estão sendo introduzidos em muitos novos veículos.
Alguns carros também têm hoje faróis adaptados que melhoram a visibilidade noturna e instrumentos que advertem sobre uma potencial colisão ou quando o carro sai de sua trajetória.
Tecnologias contra acidentes
Um estudo do Instituto de Seguros dos Estados Unidos para Segurança nas Estradas estimou que quatro das tecnologias já disponíveis - aviso sobre saída da trajetória, advertência sobre colisão dianteira, detecção de pontos cegos e faróis adaptáveis - podem prevenir ou mitigar uma em cada três colisões fatais e uma em cada cinco colisões que resultam em ferimentos graves ou moderados.
Pesquisas estão em curso sobre a tecnologia de freio autônomo, que pode parar um carro quando outros veículos ou obstáculos estão muito próximos, e de apoio para manter a trajetória, que aplica uma força corretiva na direção se o motorista escapar de sua faixa.
Os fabricantes também estão desenvolvendo um controle de cruzeiro, que pode automaticamente manter uma velocidade segura e a distância de outros veículos, e um adaptador inteligente de velocidade, que pode, em sua forma mais ativa, impedir que um motorista ultrapasse o limite de velocidade.
Redução de acidentes
As pesquisas sobre a eficácia dessas tecnologias ainda estão em seus primórdios.
Um estudo da União Europeia, feito em 2008 pelo Centro de Pesquisas Técnicas VTT, da Finlândia, verificou que a tecnologia mais promissora após o controle eletrônico de estabilidade - obrigatório nos carros na Europa - é um sistema para evitar que os motoristas escapem da estrada. Segundo o estudo, isso poderia reduzir as mortes em acidentes em cerca de 15%.
Os mesmos pesquisadores descobriram que funções que alertam motoristas de que eles estão ultrapassando o limite de velocidade e para outros potenciais perigos poderiam reduzir as mortes em 13%, e que freios de emergência e alertas sobre sonolência dos motoristas poderiam reduzir as mortes em 7% e 5%, respectivamente.
Porém outros estudos são ainda mais otimistas. O Instituto de Dados para Perdas em Estradas dos Estados Unidos verificou uma redução de 27% no número de sinistros de seguros em carros equipados com o sistema de segurança da Volvo, que usa tecnologia autônoma de freio para evitar colisões traseiras.
E uma pesquisa da Universidade de Leeds verificou que a tecnologia para limitar a velocidade pode reduzir os acidentes que provocam ferimentos em quase 28%.
Críticos dizem que sistemas podem ter o efeito negativo de tornar os motoristas menos atentos. [Imagem: Cortesia Volvo]
Responsabilidade polêmica
Por outro lado, tecnologias que removem a responsabilidade da tomada de decisões dos motoristas permanecem polêmicas.
Os críticos argumentam que um motorista que precisa fazer muito pouco para manter seu veículo na rua não será um motorista alerta ou seguro. A Associação de Motoristas Britânicos acredita que toda tecnologia que tira responsabilidade dos motoristas deveria ser proibida.
"Temos que confiar que a engenharia pode lidar com uma série de complexidades da mesma maneira que os seres humanos", explica Peter Rodger, examinador-chefe do Instituto Avançado de Motoristas. "Isso, para mim, é um grande salto em termos de fé."
Rodger, como outros, questiona o quanto os motoristas pouco conscientes sobre o ambiente em seu entorno poderiam ser capazes de tomar o controle quando o equipamento falhar ou em uma situação de emergência - algo amplamente conhecido como "complacência induzida pela automação".
Para Rodger, o aumento do papel da tecnologia também levanta questões sobre quem é responsável no caso de um acidente. "Quem é responsável - eu, o fabricante do carro ou o engenheiro de software?", questiona.
Automação total
Para alguns, a solução para esses problemas seria na verdade deixar que os computadores assumam a direção completamente. Veículos inteiramente inteligentes podem "ver" e se comunicar com outros veículos e com o ambiente.
"Por que não?", questiona Oliver Carsten, professor de segurança no transporte da Universidade de Leeds e um dos defensores da ideia de direção totalmente automatizada como objetivo final.
"Há fortes argumentos pela direção automatizada nas estradas, que muitas pessoas consideram chata. Elas poderiam aproveitar esse tempo para fazer outra coisa, e isso traria benefícios em termos de segurança e consumo de combustível", argumenta.
Ele acredita que acidentes múltiplos com veículos em condições difíceis, como neblina intensa, poderiam ser evitados se a direção fosse automatizada.
"O único argumento contrário poderia ser o impacto ambiental. Porque haveria um aumento de 50% na capacidade das estradas com a automação, o que significa mais veículos e mais combustível", observa.
Carro que controla o motorista
Mas tal nível de automação ainda está muito distante, assim como a construção de um carro que nunca se envolve em acidentes.
O que a maioria dos fabricantes de carros prometem hoje, observa Carsten, é eliminar as mortes e os ferimentos em seus veículos - não acabar com todas as colisões.
Para Broberg, da Volvo, os fabricantes não estão tentando tomar o controle da direção das mãos dos motoristas.
Mas ele defende a ambição de tomar o lugar dos humanos no controle se eles tomarem decisões que ameacem as vidas de outras pessoas.
"O carro somente age se o motorista não estiver no controle - ele ajuda a pessoa a ser um motorista melhor. Você deveria ter o direito de ficar fora de controle e ser um risco para alguém? Eu não acho que isso seja certo", afirma.